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Sharm el-Sheikh: a Cancún do Oriente Médio

O Egito é um país que atrai muitos turistas devido as suas atrações faraônicas. As pirâmides, outros templos e sítios arqueológicos do período do Egito Antigo são atrações famosas no todo o mundo. Entretanto, o país conta com uma cidade muito menos conhecida, porém intrigante, pois é um balneário, com praias interessantes e lugares incríveis para praticar mergulho.

Podemos, inclusive, dizer que Sharm el-Sheikh é a Cancún do Oriente Médio. A cidade litorânea foi construída no meio do deserto para ser um local turístico, possui muitos resorts, é muito famosa na região e não tem cara de Egito, com atributos semelhantes a Cancún. Uma grande diferença é que Sharm el-Sheikh é uma cidade horizontal. Enquanto Cancún possui hotéis muito altos na beira da praia, a cidade egípcia possui construções baixas; mesmo os maiores hotéis são grandes em extensão, mas não em altura, o que acaba deixando a cidade mais bonita.

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Naama Bay – Sharm el-Sheikh

Praias

Outra diferença em relação a Cancún é que muito menos hotéis possuem praias particulares e o mar não é tão bonito quanto o mar do Caribe. Porém, Sharm el-Sheikh está no Mar Vermelho, localizado em uma das melhores regiões para se praticar mergulho do mundo. E nem precisa ser mergulho com cilindro de oxigênio, mesmo fazendo snorkeling já é possível ver corais e peixinhos. Os locais mais indicados para mergulhar são: Ilha Tiran, Blue Hole e Ras Muhammad. Para saber mais leia: Blue Hole, Tiran e Ras Muhammad, conheça os tours de Sharm el Sheikh.

passeio mergulho blue hole
Nadando no Blue Hole

Além disso, apesar das praias não serem tão bonitas quanto as do Caribe e do sudeste asiático, elas são diferentes. A Península do Sinai, onde fica Sharm el-Sheikh, é uma região desértica, por isso a combinação de mar com deserto dá uma característica atraente às praias da região, principalmente para nós da América do Sul que não estamos acostumados com deserto. Os cenários são inusitados e, ao mesmo tempo, bonitos.

praia mar sharm el sheikh dahab
Praia em Sharm el Sheikh – Foto: Wolfgang (CC BY-ND 2.0)

Península do Sinai

Sharm el-Sheikh localiza-se na Península do Sinai, um lugar que possui muitas histórias para contar. Talvez, a história mais famosa venha do Monte Sinai, local onde, segundo a Bíblia, Moisés recebeu as tábuas com os 10 Mandamentos. No começo do Monte está o Mosteiro de Santa Catarina, pertencente a Igreja Ortodoxa. Ele foi construído no século VI, fica a 211 km de Sharm el-Sheikh e é uma das atrações da região.

A Península do Sinai também foi palco de várias disputas devido ao Canal de Suez, importante rota marítima. Ela já ficou sobre o controle do Império Otomano e do Reino Unido. Em 1973, Israel invadiu e tomou a Península, que voltou para o Egito apenas em 1982. Foi nesse período de ocupação israelense que o turismo começou a se desenvolver.

Beduínos

Outro fato interessante é que a Península do Sinai é habitada majoritariamente por beduínos, uma população que vive no deserto e que até pouco tempo atrás era nômade. Essa é uma cultura milenar que já existia no período faraônico e possui algumas peculiaridades muito interessantes de conhecer. A característica mais marcante deles é o Keffiyeh, um lenço colocado na cabeça que virou atração turística e é vendido em todo o Egito e também na Jordânia. O melhor local para conhecer a cultura beduína é no deserto jordaniano de Wadi Rum. Para saber mais leia Wadi Rum, o incrível deserto da Jordânia.

Entretanto, em Sharm el-Sheikh você também  tem a oportunidade de conhecer um pouco mais a cultura beduína. Há tours ao deserto com jantar em uma tenda beduína. Eu não fui, porque já havia ido em Wadi Rum, mas vi pessoas que foram e gostaram.

Eu e os beduínos

Cultura permissiva

Apesar dos beduínos serem um povo muito conservador, Sharm el-Sheikh é uma cidade bastante permissiva para os padrões de um país muçulmano. A maioria dos bares vendem bebidas alcoólicas, o que não é tão fácil de se encontrar nas outras cidades egípcias. Também não há nenhum problema em utilizar roupas de banho (biquíni e sunga) nas praias ou passeios de barco. Até por isso, o governo restringe o acesso ao local para os cidadãos egípcios. O governo quer deixar o local do pecado isolado do resto do país e também evitar um turismo popular.

Segundo um dos nossos guias, o presidente Mohamed Morsi queria fechar Sharm el-Sheikh, devido ao local ser permissivo demais. O guia nos contou a história recente do Egito, falando da perda e reconquista da Península do Sinai, da Primavera Árabe, da primeira eleição para presidente que elegeu Mohamed Morsi, apoiado pelo grupo conservador Irmandade Muçulmana e sua deposição. Ele fez um paralelo muito interessante e para quem gosta de entender política é muito bom ouvir uma visão local dos acontecimentos.

balada bares sharm el sheikh
Naama Bay, onde concentra a vida noturna da cidade
Promoção: pizza, narguilé e coca-cola

De onde vem os turistas?

A maior parte dos turistas que desembarcam em Sharm el-Sheikh vem do próprio Oriente Médio. Entretanto, se falarmos de qual país vem a maioria dos turistas, acredito ser da Rússia. Vi muitos russos pela cidade; além disso, existem muitos letreiros de lojas escritos em russo (veja foto de capa) e quase todos os restaurantes possuem um cardápio em russo. Sharm el-Sheikh é um local bem conhecido na Europa, a cidade também é muito frequentada por italianos. Apesar de não ter visto italianos, pois acredito que eles devem viajar em um período diferente de quando que eu estive por lá, muitos comerciantes falavam italiano. O mais curioso é que várias vezes que comerciantes nos ouviam falando português, achavam que éramos italianos e começavam a falar em italiano conosco; como se nós estivéssemos entendendo.

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Preços

Um dos principais atrativos de Sharm el-Sheikh são seus preços. A cidade é bem barata! Tanto hospedagem, quanto alimentação e, especialmente, os passeios são bem baratos. Isso é um grande diferencial da cidade e ajuda a atrair mais turistas. Se pegarmos hotéis como Hilton, Marriott ou Sheraton, por exemplo, os preços de suas unidades em Sharm el-Sheikh são entre 30 e 50% menores do que os de Cancún.

Mas, se compararmos hotéis de donos locais de três ou quatro estrelas a diferença pode ser ainda maior. Para você ter uma ideia dos preços, o prato da foto abaixo, um peixe frito que estava gostoso e veio enfeitado com uma vela dentro de uma cebola, custou cerca de R$15.

comida restaurante sharm el sheikh
Jantar, peixe frito com arroz, decorado com uma vela

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Felipe Zig
Felipe Zighttps://www.abraceomundo.com/
Felipe Zig é jornalista, fotógrafo e apaixonado por viajar. Depois de conhecer mais de 20 países, decidiu criar o blog “Abrace o Mundo” para dar dicas de viagens e incentivar outras pessoas a viajar.

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