As ruínas maias de Tikal são mais do que a principal atração turística da Guatemala; elas são um portal para o passado glorioso de uma civilização que fascinou o mundo com sua arquitetura, astronomia e cultura. Quando pensamos na Guatemala, é impossível não associá-la a Tikal, esse impressionante sítio arqueológico que transporta os visitantes para os tempos em que os maias dominavam a Mesoamérica. Localizado em meio à densa floresta tropical do norte do país, Tikal não é apenas uma parada obrigatória para viajantes, mas uma experiência que desperta admiração e respeito pela engenhosidade dos povos antigos.
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História de Tikal
Tikal não era apenas uma cidade maia; ela era um dos pilares dessa civilização. Diferentemente dos astecas e incas, os maias não centralizavam seu poder em uma única capital. Suas cidades funcionavam como estados independentes, ora competindo, ora cooperando entre si, em um intricado jogo político que moldou o destino de toda a Mesoamérica.
Entre todas essas cidades, Tikal se destacou como a joia da era clássica maia, um período que marcou o apogeu da civilização entre os anos 200 e 600. Nesse intervalo de tempo, Tikal tornou-se o coração pulsante da cultura maia. Suas altas pirâmides dominavam a paisagem, enquanto suas praças eram cenários de cerimônias e jogos de bola. A cidade exercia uma influência impressionante sobre seus vizinhos, controlando rotas comerciais e espalhando sua cultura.
Com uma população que variava entre 50 mil e 150 mil habitantes em seu auge, Tikal era vibrante e complexa. Historiadores acreditam que ela foi um centro de inovação, espiritualidade e poder militar, rivalizando com outras grandes cidades da época, como Calakmul. No entanto, assim como todas as grandes civilizações, Tikal enfrentou seus desafios. Por volta do século IX, sinais de declínio começaram a aparecer. As razões exatas ainda permanecem envoltas em mistério, mas teorias apontam para a superpopulação, escassez de alimentos e mudanças climáticas como possíveis culpados.
A cidade foi gradualmente abandonada, até que, no século XI, já não havia ninguém para contar suas histórias. Quando os espanhóis chegaram ao Novo Mundo, séculos mais tarde, Tikal estava completamente tomada pela floresta, seus templos escondidos sob o manto verde da selva. Contudo, em vez de desaparecer, Tikal esperava pacientemente pelo momento em que seria redescoberta, para revelar ao mundo sua grandiosidade esquecida.
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Parque Nacional de Tikal
O sítio arqueológico de Tikal localiza-se dentro de um imenso parque chamado Parque Nacional de Tikal, que é formado, em sua maior parte, por uma floresta tropical. Até por isso, as atrações do parque vão além das ruínas, há quem faça tour para ver os animais nativos como pássaros, quatis e, se tiver sorte, até onças.
O ingresso para entrar no Parque Nacional de Tikal custa 150 Quetzais (GTQ), cerca de US$20 (nov/2024).
As ruínas de Tikal ficaram escondidas em meio a floresta por vários séculos. Na década de 1950, começaram as escavações arqueológicas e até hoje elas continuam. Em Tikal, não há uma quantidade grande de ruínas, o principal são as quatro pirâmides maias. Entretanto, acredita-se que ainda há várias ruínas debaixo da terra, que necessitam de escavações para serem encontradas.
E, diferente de outras ruínas Maias como Chichén Itzá e Palenque, as ruínas de Tikal ficam em uma área muito extensa e é preciso andar bastante para ver tudo. Até por isso, é muito indicado contratar um guia ou ir com um tour.
Em outras ruínas como Chichén Itzá, Palenque e Teotihuacan, o guia é apenas para te contar a história do local, mas você pode caminhar sozinho tranquilamente, pois não tem como errar o caminho.
Já em Tikal é diferente, há várias trilhas na mata e se for sozinho você pode ficar perdido, mas não ao ponto de não saber onde é a saída. Porém, andará muito mais para chegar aos pontos de interesse. Os guias conhecem vários atalhos que reduzem o tempo de caminhada.
Vale lembrar que toda trilha em florestas, por mais seguro que seja como no Parque Nacional de Tikal, sempre existe algum perigo. Por isso é indicado fazer um seguro viagem. Nós sempre fazemos quando viajamos. O seguro é uma tranquilidade para o viajante e uma segurança de não precisar pagar um valor alto por algum procedimento médico, além de lhe proporcionar outra garantias, como indenização por extravio de mala e regresso antecipado pro causa de saúde sua ou de alguém da família. Faça uma cotação.
Templos de Tikal, as famosas pirâmides da Guatemala
Os templos de Tikal, conhecidos como pirâmides maias, impressionam pela grandiosidade e simbolismo. Cada um deles conta uma parte da história dessa fascinante civilização. Diferentemente de outras estruturas antigas que receberam nomes simbólicos, os templos de Tikal foram numerados: I, II, III, IV, V e VI. Essa simplicidade na nomenclatura contrasta com a complexidade arquitetônica e o significado espiritual de cada construção.
O principal ponto de interesse do sítio arqueológico é a Praça Principal, onde se destacam os Templos I e II, cercados por outras construções importantes. Esse espaço é, sem dúvida, o coração de Tikal, tanto no passado quanto no presente. Não é raro encontrar descendentes dos maias realizando rituais religiosos no local. Durante nossa visita, tivemos a sorte de presenciar um ritual xamânico, uma experiência única que trouxe vida a essas ruínas ancestrais, veja foto abaixo.
Templo I: O Grande Jaguar
O Templo I, também chamado de Templo do Grande Jaguar, é o mais icônico de Tikal e considerado o símbolo da Guatemala. Com 47 metros de altura, sua imponência domina a paisagem da Praça Principal. Construído entre os anos 682 e 734 d.C. por Jasaw Chan K’awiil I, um dos governantes mais importantes de Tikal, o templo também serve como sua tumba. Seu nome, Templo do Grande Jaguar, vem da representação de um jaguar esculpida na entrada, um animal que simbolizava poder e conexão espiritual na cultura maia.
Subir ao topo do Templo I não é permitido, mas sua beleza é melhor apreciada de longe, especialmente do Templo II. É impossível visitar Tikal sem fotografar essa obra-prima arquitetônica, que aparece em tudo, desde folhetos de turismo até buscas no Google.
Templo II: O Templo das Máscaras
Localizado bem em frente ao Templo I, o Templo II, ou Templo das Máscaras, é uma homenagem à esposa de Jasaw Chan K’awiil I. Com 38 metros de altura, ele é menor que o Templo I, mas é considerado o mais bem preservado de Tikal. Sua estrutura revela detalhes fascinantes, como as máscaras que decoravam suas laterais, embora muitas delas estejam desgastadas pelo tempo.
Ao contrário do Templo I, é possível subir ao Templo II e, de lá, apreciar uma vista magnífica da Praça Principal e do Templo I. É um momento para sentir o poder das civilizações que um dia viveram ali.
Templo III: O Templo do Grande Sacerdote
Mais afastado do centro da Praça Principal, o Templo III, conhecido como Templo do Grande Sacerdote, ergue-se a 55 metros de altura. Construído por volta de 810 d.C., ele marca um período de declínio da civilização maia. Seu nome remete a sua provável função como um espaço de rituais religiosos liderados pelos sacerdotes.
Apesar de menos famoso que os Templos I e II, o Templo III guarda seu charme, especialmente ao ser observado sob o céu aberto, cercado pela exuberância da selva guatemalteca.
Templo IV: A Melhor Vista de Tikal
Com impressionantes 70 metros, o Templo IV é o mais alto de Tikal e o preferido de muitos turistas, não por sua beleza — já que está parcialmente degradado —, mas pela vista espetacular que oferece. Do topo, é possível ver as copas das árvores da floresta tropical e os outros templos surgindo como ilhas no horizonte. Este é o local para assistir ao famoso nascer do sol em Tikal, uma experiência quase mágica para aqueles dispostos a madrugar.
Curiosamente, o Templo IV também faz parte da história do cinema. Ele aparece em uma cena icônica do filme Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977), representando o planeta-base da Aliança Rebelde. Para os fãs da saga, é emocionante estar no mesmo lugar onde foram gravadas cenas que marcaram a cultura pop.
Templos V e VI: Histórias Menos Conhecidas
Embora menos visitados, os Templos V e VI também merecem atenção. O Templo V, com 57 metros de altura, é o segundo maior de Tikal e possui uma escadaria íngreme que desafia até os visitantes mais corajosos. Já o Templo VI, conhecido como Templo das Inscrições, destaca-se por seu teto adornado com inscrições hieroglíficas, oferecendo pistas sobre a história e cultura maia.
Como chegar em Tikal
Tikal fica no norte da Guatemala, no departamento de Petén, região menos habitada e mais distante das principais cidades do país. Apesar de Tikal ser a atração turística mais famosa do país, é o mais distante das principais cidades da Guatemala, que se concentram próximo a costa do Pacífico.
Tikal está a 536 km da Cidade da Guatemala, capital e maior cidade do país. Para chegar a Tikal há duas opções: transporte terrestre ou avião. Voos entre Cidade da Guatemala e Flores, cidade mais próxima de Tikal com aeroporto, são abundantes, porém caros. Há alguns horários de voos por dia, porém os preços são altos para um voo de uma hora.
Entretanto, a opção de viajar por terra requer muita paciência. As estradas distante das grandes cidades da Guatemala não são boas. Esse trajeto são feitos em ônibus ou micro-ônibus e levam mais de 8 horas entre Guatemala City e Flores.
Segundo pesquisa de 2018 do Instituto Guatemalteco de Turismo, INGUAT, 73% dos turistas que visitam o departamento de Petén, onde está Tikal, chegam por meio terrestre. A explicação para isso, é devido ao fato dos turistas não chegam da Guatemala, mas sim de países vizinhos. Para você ter uma ideia, segundo a pesquisa do INGUAT, 60% dos turistas que visitam Tikal chegam de Belize, um país que fica a leste da Guatemala. Belize City, capital do país, está a 230 km de Tikal, uma viagem de 4 horas de ônibus.
Outros dados interessantes da pesquisa do INGUAT é que a maioria dos visitantes de Tikal são jovens, 43% possuem entre 26 e 35 anos e 93% organiza sua viagem por conta própria ou pela internet.
Como ir ao Parque Nacional de Tikal
Para quem já está na região de Tikal, como Flores e El Remate, o mínimo que terá que contratar para chegar em Tikal é o transporte. Há várias agências de turismo que vendem o transporte (ida e volta) e também o tour, o que inclui o guia. A diferença de preço de apenas o transporte e do transporte + guia em grupo, é bem pequena, por isso vale a pena pagar o guia.
O jeito mais barato é contratando direto em Flores ou El Remate. Entretanto, se quiser contratar com antecedência, a Get Your Guide oferece esse tour.
Quantos dias ficar em Tikal Guatemala?
O Parque Nacional de Tikal é muito grande, entretanto, não há muito o que ver por lá. Por isso, com o tour de um dia inteiro você consegue ver as principais ruínas maias do complexo.
Entretanto, como chegar até a região de Tikal é custoso, há turistas que aproveitam para ficar mais tempo. A região é calma, com muita natureza, o que proporciona um ambiente ideal para descansar.
Não esqueça de calcular o tempo de deslocamento para chegar e sair da região. Se for de ônibus reserve um dia para cada trajeto. Segundo pesquisa do Instituto Guatemalteco de Turismo, a média de permanecia dos turistas é de 3,3 dias.
Vale a pena fazer um roteiro que inclua as três principais atrações turísticas da Guatemala. Além de Tikal, a cidade histórica de Antigua e as incríveis piscinas naturais de Semuc Champey são as atrações turísticas mais interessantes da Guatemala. Sendo Antigua o destino mais visitado do país.
Onde hospedar em Tikal
A maior parte dos turistas se hospeda em Flores, que é a cidade com mais infraestrutura e melhores preços. Flores fica a 65 km de Tikal e a 1:30 horas de viagem. Outra opção é se hospedar em El Remate que fica a 34 km de distância e a 50 minutos de Tikal. Para saber mais sobre cada lugar, vantagens e desvantagens, leia o texto: Onde ficar em Tikal: Flores, El Remate ou dentro do Parque.
Para quem esteja disposto a pagar um pouco mais e gosta de ficar em um hotel isolado no meio da floresta, vale a pena se hospedar dentro do Parque Nacional de Tikal. Há três hotéis lá dentro. O Hotel Tikal Inn foi o primeiro hotel a surgir no parque, possui as opções mais baratas em seus quartos mais simples. O Jaguar Inn é o intermediário e possui bangalôs, mas não tem piscina, ao contrário dos outros dois.
Já o Hotel Jungle Lodge Tikal é o melhor dos três, não é nenhum cinco estrelas, mas é o que tem mais conforto e seus quartos também são bangalôs. Para saber mais sobre esses hotéis, leia o post que fizemos: Hotel Tikal Inn, Jungle Lodge ou Jaguar Inn, onde ficar dentro de Tikal.
Horários de visitas de Tikal
O Parque Nacional de Tikal fica aberto das 6:00 às 18:00 horas. E há três horários mais comuns de tours que as agências de turismo oferecem. O mais comum é das 8:00 às 16:30 horas, incluindo o tempo de deslocamento de Flores a Tikal, que é 1:30 horas para a ida e o mesmo tempo para a volta. Tirando os atrasos e o tempo para almoçar, o tour dura em média 4 horas.
O outro horário de tour sai às 4:30 horas de Flores e chega a Tikal no horário em que o Parque abre, às 6:00 horas. Para os mais animados, há um tour que sai às 3:30 horas que chega bem cedo a Tikal para ver o sol nascer de cima do Templo IV. Essa é a opção mais cara, tanto o tour quanto o ingresso do parque são mais caros, já que se entra antes do parque abrir.
Como não queria acordar muito cedo, fui no tour das 8:00 horas. Esse já é um horário em que o sítio arqueológico fica mais cheio. Mas, se comparado a Chichén Itzá ou Teotihuacan, Tikal pode ser considerado vazio. Como as caminhadas são longas entre os templos, o guia vai falando sobre a fauna e a flora da região. Segundo o guia, o melhor tour para ver os animais é o das 4:00 horas.
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Foto de capa de: diego.aviles (CC BY-NC 2.0)
Muito legal! Guatemala está no itinerário da minha viagem até o Alasca! Vou guardar as dicas!
Beijos,
Rafa Ely
http://www.melevaembora.com.br