“Nunca recuse um convite. Nunca resista ao desconhecido. Mantenha a mente aberta e usufrua a experiência. E se doer é porque, provavelmente, valeu a pena.” Essa frase do filme A Praia, estrelado por Leonardo diCaprio, sempre me inspirou. Partir em busca de conhecer lugares diferentes, imergir em novas culturas e conhecer pessoas novas sempre foram meus desejos.
Uma das maneiras que encontrei para me satisfazer como pessoa foi fazer um intercâmbio. Confira nesse post tudo sobre meu intercâmbio em Braga, Portugal.
Persistência para uma vaga de intercâmbio
Durante a faculdade, eu buscava fazer um intercâmbio. Entretanto, nos quatro anos do curso de Publicidade e Propaganda da UFMG eu não tive a oportunidade, pois as vagas de intercâmbio, para o meu curso, eram para países que eu não dominava o idioma. Na única vez que apareceu um intercâmbio para a América Latina, eu não fui selecionado.
Formado, sem emprego e sem ter realizado meu sonho, decidi continuar estudando. Com mais algumas disciplinas eu me formaria em jornalismo. E, foi nessa época que apareceu uma vaga para fazer intercâmbio na Universidade do Minho, em Braga, Portugal. A possibilidade de morar na Europa, os vários cursos ofertados pela universidade e a desnecessidade de falar outro idioma fez com que as poucas vagas atraíssem dezenas de inscrições.
Entretanto, aprendi com minha negativa anterior, fiz uma boa entrevista e fui selecionado para a vaga. Alguns meses depois estava viajando rumo a Portugal.
Do carnaval para o inverno
As aulas da universidade portuguesa começavam no final de fevereiro, por isso foi possível aproveitar o animado carnaval no interior de Minas Gerais. Alguns dias depois, eu já estava chegando em Braga, no norte de Portugal.
Essa foi uma mudança abrupta. Do calor, trio elétrico e alegria coletiva do carnaval, eu estava no inverno, com uma temperatura que não estava acostumado e em um local onde as pessoas são mais frias e formais que no Brasil.
As diferenças, ao mesmo tempo que me incomodavam, também me fascinavam. Tomar sopa antes das refeições é um costume de Portugal, que eu achava muito estranho. Porém, o costume me cativou e passou a fazer parte do meu cotidiano. A maioria dos restaurantes servem sopa antes do prato principal em Portugal. Até mesmo fast foods como Mc Donalds vendem a comida no país.
Caldeirão cultural
Braga, não era um local cosmopolita. É a terceira maior cidade de Portugal, possui menos de 200 mil habitantes e ares de localidade interiorana. Cidade conhecida por ser o local mais religioso do país, Braga possui muitas igrejas, habitantes conservadores e a Semana Santa como a celebração popular mais importante e turística do município.
Entretanto, dentro da cidade havia um caldeirão cultural que era a residência universitária. Nesse local onde centenas de estudantes moravam, era possível encontrar pessoas de várias partes do mundo e de diferentes estilos e costumes.
Esse era o local que me sentia mais à vontade e onde eu conheci as pessoas mais interessantes do meu intercâmbio. Dos estudantes de Myanmar que encontrava todo dia na cozinha e trocava olhares e sorrisos sem poder comunicar verbalmente direito aos africanos de diferentes países e etnias que eram sempre os mais animados nas festas.
Entretanto, foi viajando para outros países que eu pude experimentar a vivência cultural de forma mais fluida.
Conhecendo outros países
De todo o intercâmbio, o que mais me fascinava era a oportunidade viajar a outros países europeus. Devido às facilidades proporcionadas pela União Europeia é fácil viajar, pois como há várias companhias aéreas e muitas promoções, permitiam até mesmo estudantes usufruírem dessa experiência mágica de desbravar o Velho Continente.
Entretanto, para fazer o dinheiro render melhor e poder conhecer mais lugares, era necessário ser econômico. A bagagem nunca era despachada, o mochilão era colocado no compartimento superior do avião e levava apenas o essencial. E entre os itens essenciais estava um saco de dormir que permitia que dormisse no aeroporto sempre que o voo saia cedo ou chegasse tarde.
A viagem era feita com planejamento, mas nem sempre era como esperávamos. A estação de trem de Pisa, onde dormimos uma noite, era refúgio de moradores de rua durante a noite. Mesmo passando a noite em claro, diferente de meus amigos que pegaram no sono, pude perceber que aquele não era um lugar perigoso.
Quando dormíamos em camas, era em hostel. As famosas acomodações de quartos compartilhados eram incríveis lugares para conhecer e socializar com outros viajantes. A maioria dos hóspedes era de jovens abertos a novas experiências, por isso a convivência se tornava fácil e agradável.
Nessas viagens, que ocorriam durante os feriados, pude conhecer 11 países da Europa e um da África. O que economizava em hospedagem e comida, eu gastava em museus e atrações turísticas. Pude conhecer lugares incríveis, sendo eles famosos cartões-postais ou locais desconhecidos do turista de agência de viagens.
Para aproveitar bem eu acordava cedo e dormia tarde, isso quando os roncos ou barulhos de outras pessoas não me atrapalhavam de dormir. Cada vez que retornava de uma viagem, eu sentia o corpo esgotado, mas a alma renovada.
A volta para casa
O intercâmbio passou voando e mesmo querendo ficar mais era hora de retornar para a casa. Aquele período em terras estrangeiras me trouxeram mais aprendizado e vivência do que anos de vida e várias histórias para contar.
Nesses seis meses pude perceber que viajar é muito mais do que conhecer novos lugares. Quando saímos de casa é possível tentar reproduzir todo o conforto e comodidade existe no nosso lar ou se abrir ao desconhecido. Nem tudo vai lhe agradar, mas a experiência será única. As pessoas, as comidas, os novos hábitos podem lhe proporcionar uma vivência única. E, se aquilo te marcou de alguma forma, é porque valeu a pena!
Agora me conta: você tem vontade de fazer um intercâmbio? Em qual país gostaria de viver essa experiência?