Olinda é um dos sítios históricos mais conhecidos e visitados do país. Assim como as principais cidades turísticas de Minas Gerais e Paraty, no Rio de Janeiro, preserva seu patrimônio e foi tombada pela Unesco por sua diversidade cultural.
Situada a cerca de 15 km do centro de Recife e 23 km do Aeroporto de Guararapes (PE), Olinda é uma excelente opção para quem busca conhecer a cultura brasileira do período colonial. Isso porque preserva ainda muitos prédios, casas e sobrados dos séculos XVI e XVII, sendo inclusive, eleita como a primeira Capital Brasileira da Cultura, em 2006, concorrendo com Salvador e João Pessoa.
Ainda que com tanta beleza e diversidade, há turistas que buscam Olinda apenas como passeio de um dia, seja para visitantes de Recife ou para aqueles que pretendem conhecer a região de Ipojuca, onde fica Porto de Galinhas. Por isso, preparamos esse roteiro especial para que você saiba o que fazer em Olinda.
Apresentaremos os melhores destinos para que você possa conhecer e se encantar com as ladeiras que já foram até versos de seu cidadão mais ilustre, o cantor e compositor Alceu Valença.
“Ladeiras tão carnavalescas, escorregadeiras, que na terça-feira jogaram você sobre mim”.
E já que falamos de ladeiras, a primeira dica é importante: separe calçados confortáveis e venha conosco nesse delicioso passeio.
Olinda: onde a história local se entrelaça com a do país
Olinda surgiu de uma pequena aldeia chamada Marim, descoberta pelo fidalgo português Duarte Coelho. Ainda que não se saiba a data exata de sua fundação, o povoado foi elevado à categoria de vila em 1537.
Conta a história que, por ser tão bela, com água em abundância e terras férteis, Duarte teria dito ao vê-la: “Ó linda situação para se construir uma vila”. Em março daquele mesmo ano, a vila ganhou um forte para a defesa e do alto de suas colinas, houve a expansão do que, anos depois, se tornaria a cidade.
Durante a extração do pau-brasil e da cana-de-açúcar, Olinda se tornou tão importante que chegou a disputar com a Corte portuguesa quando o assunto era luxo e ostentação. As primeiras ordens religiosas desembarcaram na cidade a partir de 1580. Carmelitas, jesuítas, franciscanos e beneditinos participaram da catequização dos indígenas.
Em 1630, com a invasão holandesa, a cidade foi tomada. No ano seguinte, foi incendiada pelos holandeses, e sua reconstrução só aconteceria em 1954, após a expulsão dos invasores.
Contudo, apenas a partir de 1827, ou seja, dois séculos depois, é que Olinda viu um novo horizonte para sua história. Dos veranistas que alugavam moradias para temporadas de verão, Olinda passou a ser vista como um refúgio para quem buscava calmaria em meio ao crescimento de Recife.
Olinda foi a segunda cidade brasileira declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1982, atrás apenas de Ouro Preto. Porém, seu conjunto paisagístico e arquitetônico foi tombado pelo Iphan ainda em 1968.
Com características predominantemente residenciais e casas com quintais, a malha urbana de Olinda abriga igrejas e conventos barrocos, além de praças, largos, ruas tortuosas e ladeiras íngremes.
O que fazer em Olinda em 1 dia
Para facilitar seu passeio, organizamos o que fazer em Olinda durante um dia de passeio desde sua chegada à parte alta da cidade. Para quem vem do aeroporto de Guararapes ou Recife, seja de táxi ou Uber, o ideal é descer na Praça do Carmo.
De lá, saem as famosas jardineiras da antiga Estação do Carmo e, a partir dela, é possível conhecer um pouco mais da cidade através dos guias, sem a necessidade de subir ladeira. O último ponto da jardineira é exatamente na parte alta da cidade. Aos interessados, é possível adquirir o bilhete para o passeio e receber uma pulseira que permite o retorno à jardineira durante todo o dia, em qualquer lugar do trajeto.
Já na Praça, é possível conhecer a Igreja Santo Antônio do Carmo, a primeira da ordem carmelita construída no Brasil. O roteiro para o que fazer em Olinda durante um dia não é tão “corrido” e difere de outros itinerários apenas para aqueles que planejam desbravar pontos mais detalhados da cidade. Em geral, é bem proveitoso tirar uma manhã e uma tarde para isso, mesmo que o destino seja outro.
Caso pretenda ficar mais tempo na cidade, veja nossa lista com as principais pousadas em Olinda, incluindo as mais bem localizadas, as mais confortáveis e as opções com melhor custo-benefício.
O que fazer em Olinda: Catedral da Sé
Após a subida da jardineira, é possível avistar o mar, Recife e toda a parte histórica de Olinda de um ponto privilegiado. Começando pela Catedral da Sé, ela fica localizada no ponto mais alto de Olinda e é a mais importante igreja da cidade.
Foi erguida em 1540 e passou por três reformas, inclusive no século 20, sendo que, na última, teve sua fachada quinhentista reconstruída. Em seu interior, é possível encontrar altares folheados a ouro e azulejos portugueses legítimos. O ex-arcebispo de Olinda, Dom Hélder Câmara, está enterrado dentro dela.
A entrada tem o custo de R$ 3, valor atualizado em fevereiro de 2021.
Galeria São Salvador
A cerca de 100 metros da Catedral da Sé de Olinda, você irá se deparar com uma galeria com diversas opções de artesanato local. A Galeria de São Salvador não é a única do segmento na cidade, mas se destaca pela localização e, mais uma vez, pela belíssima vista de toda Olinda. Por isso, é um dos destaques entre as opções sobre o que fazer em Olinda.
Elevador panorâmico de Olinda: a antiga caixa d’água da cidade
Em uma época em que se discutia a modernidade inserida nos sítios históricos do país, Olinda construiu uma caixa d’água que, anos mais tarde, tornou-se ponto de visitação. Isso porque, tem altura equivalente a um prédio de seis andares, e permite ver, ainda de um local mais alto, todos os encantos já citados neste artigo.
Porém, a arquitetura ainda se preocupou com a harmonização do espaço em uma cidade colonial e decidiu usar do estilo cobogó, no qual se busca a ventilação e luz natural para o ambiente. O elevador panorâmico de Olinda tem taxa de entrada de R$ 10 com tempo de permanência de 30 minutos. Funciona diariamente das 8h às 17h.
Convento de São Francisco
O primeiro convento franciscano é o mais antigo do Brasil e faz parte de um conjunto arquitetônico católico que inclui Capela de São Roque, Igreja de Nossa Senhora das Neves, claustro e sacristia.
Nos dois últimos, é possível encontrar diversos painéis de azulejos portugueses e um rico trabalho de talha em madeira no teto. No claustro do mosteiro ainda existe a primeira biblioteca pública de Pernambuco com um precioso acervo de obras raras.
Casa dos bonecos gigantes de Olinda
Surgidos na Europa da Idade Média e popularizados no Carnaval de Olinda, a origem dos bonecos gigantes vem da pequena cidade de Belém de São Francisco, no sertão pernambucano. Lá, em 1919, foi criado o primeiro boneco gigante do Brasil, o Zé Pereira.
Em Olinda, a tradição iniciou em 1931 com o boneco Homem da Meia Noite. Após a popularização, tornou-se um dos marcos da folia nacional. Em 2007, o empresário cultural Leandro Castro ampliou o alcance da tradição, trazendo grandes ícones da história e cultura do país, além de personalidades mundiais.
Dentre eles, é possível encontrar de representações de Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna e Chico Science, como até mesmo Barack Obama, Chacrinha e Madonna. A entrada na casa dos bonecos gigantes tem o custo de R$ 12, valor atualizado em fevereiro de 2021, e tem a possibilidade meia-entrada para idosos e estudantes.
Dona Maria: a melhor tapioca de Olinda
Na primeira pausa do passeio para degustar uma iguaria local, indicamos a loja da Dona Maria da Tapioca. Funcionando desde 1972, foi eleita a melhor tapioca da cidade no final de 2017.
Dentre as opções, as preferidas dos turistas são as de queijo coalho, coco e banana. Na galeria, há ainda diversas opções de souvenirs. Vale a pena acrescentá-la em seu itinerário sobre o que fazer em Olinda.
Ladeira da Misericórdia
Assim como sua cidade-irmã de Ouro Preto, as ladeiras de Olinda oferecem um charme à parte para os turistas. Enquanto na cidade mineira há a Rua Direita com seus casarios e comércio, em Olinda, a Ladeira da Misericórdia abriga os principais acessos à cidade. Sua importância se deve à ligação do porto de onde saíam os navios até o cume de Olinda, região considerada mais nobre, desde sua fundação.
Ainda que alguns digam que a expressão “Misericórdia!” seja responsável pela sua origem, historiadores explicam que o motivo é outro. Em seu topo, existiu a Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia, arruinada pelos holandeses. A edificação que se encontra no lugar, hoje, tem sua última reconstrução datada de 1771.
Rua do Amparo
Nesta rua, temos durante o Carnaval, o centro da folia em Olinda. Com suas casas coloridas, ela se destaca pelo grande número de restaurantes, bares, pousadas, museus e ateliês. Por exemplo, na residência número 91 é fabricado o “pau-do-índio”, bebida típica de Olinda.
E no número 152, encontra-se a casa do cantor e compositor pernambucano Alceu Valença. Embora não haja nenhum museu ou similar no espaço, é possível visualizar acima da porta o nome do ilustre dono.
Mercado da Ribeira
Construído no final do século 17, o Mercado da Ribeira foi um dos pioneiros dos mercados públicos do Brasil. Assim como o Mercado Velho de Diamantina, possui características típicas do período colonial e serviu de local para comercialização de produtos de primeiras necessidades.
Porém, apenas a partir da década de 1960, o Mercado da Ribeira de Olinda começou a ter interesse turístico, com lojas voltadas para o artesanato local. Nele, é possível encontrar artigos de renda, couro e palha, bebidas típicas, doces e lembrancinhas de Pernambuco. Durante o Carnaval, o pátio do mercado serve de encontro para blocos líricos e caboclinhos.
Basílica e Mosteiro de São Bento
A Basílica e o Mosteiro de são Bento se situam ao final da Rua do Amparo, em Olinda, e constituem um importante complexo arquitetônico do barroco brasileiro. Ali, havia sido erguido o primeiro mosteiro beneditino do país, em 1599.
Contudo, do incêndio que aconteceu devido à invasão holandesa, só sobrou o arquivo. Reconstruído em 1656, foi ampliado. Em 2001, passou pela sua última reforma e foi alvo de polêmica por ter seu altar desmontado e exposto como atração principal de uma exposição em Nova York. Sua sacristia é a mais rica de Olinda com móveis esculpidos em cedro e importantes peças com talhas de ouro.
Anexo à Basílica, está o mosteiro de São Bento. Uma curiosidade é que neste espaço funcionou a primeira Faculdade do Direito do Brasil e que, ainda hoje, acontecem missas em latim e com canto gregoriano. A entrada em ambos é gratuita.
Praias em Olinda
No passeio de um único dia, dificilmente você conseguirá curtir praia e acrescentar esse passeio em seu roteiro sobre o que fazer em Olinda. E ainda que elas não sejam as principais buscas do passeio, é possível afirmar que há bons lugares para quem pretende, pelo menos, ver o mar nesta região.
Ao fim do passeio sugerido ali acima, você estará próximo à Praia do Carmo, a mais recomendada por moradores da região. Interessante citar que todas as praias de Olinda têm infraestrutura urbana e algumas, por exemplo, a Praia dos Milagres, possuem muitas pedras, não sendo recomendada para banho. Ainda assim, são excelentes opções para quem pretende curtir um barzinho ou comer peixe à beira-mar.
Em destaque, está a praia da Casa Caiada, que, em alta temporada, recebe muitos turistas, que se espalham por sua grande faixa de areia e mar de águas calmas.
Confira aqui nossos artigos para quem quer conhecer Porto de Galinhas.